MPT faz inspeções em unidades e expõe a continuidade do descaso com a saúde pública

O Ministério Público do Trabalho (MPT) fez inspeções nos Hospital Portugal Ramalho e na Unidade de Saúde da Família (USF) Arthur Ramos na primeira semana de Julho, mas só agora tivemos acesso aos relatórios das vistorias. Um fato que se destaca nos textos é a persistência do descaso com as condições da saúde em ambas as instituições.

No Hospital Portugal Ramalho o MPT encontrou mofo, infiltrações e vazamentos. Além disto, 145 profissionais da saúde já foram afastado por suspeita ou confirmação de contaminação pelo Sars cov-2. Um profissional faleceu vitimado pela Covid-19. Apesar disto, o MPT verificou que falta um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) na instituição hospitalar e deficiência de equipamento de proteção individual (EPI). Devido à falta de proteção, trabalhadores da cozinha da entidade de saúde apresentaram queimaduras decorrentes do manuseio inadequado de panelas quentes.

A situação, diz o órgão ministerial, não é diferente na USF Arthur Ramos, em Maceió. Em alguns aspectos, o quadro é até pior do que o encontrado no Portugal Ramalho. Além de encontrar mofo, goteiras e vazamentos na instituição, não foi informada a quantidade de profissionais afastados em decorrência da Covid-19. Porém, diz o texto da inspeção, informações colhidas junto aos funcionários da Unidade, sugerem um alto número de afastamento e até um óbito pelo novo coronavírus.

Os EPIs também são insuficientes tal qual ocorre no Portugal Ramalho, mas o mais inusitado é que há barreiras de proteção nas salas. Contudo, tais estruturas foram encomendadas e pagas pelos próprios trabalhadores. O refeitório, apesar de possuir boas condições de higiene, não permite o necessário distanciamento entre os profissionais do Arthur Ramos.
Outro ponto relevante que unifica as instituições inspecionadas é a falta de testagem preventiva dos profissionais da saúde e a falta de treinamento adequado para o trato com pacientes da Covid-19.

As inspeções realizadas pelo MPT ocorrem a partir de denúncias apresentadas pelo Sindicatos dos Enfermeiros do Estado de Alagoas (Sineal) e de outras entidades sindicais que compõem o Movimento Unificado dos Trabalhadores da Saúde. A expectativa é que, a partir das constatações, o órgão fiscalizador reforce as ações para responsabilizar os gestores pelas irregularidades e em defesa dos trabalhadores da saúde e da população em geral.


Tags: Alagoas MPT Maceió

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